quarta-feira, 12 de maio de 2010

Pesquisadora de redes socias fala sobre a importância do capital social jovem em palestra nas FRB

A jornalista Heloiza Mattos palestrando na noite de quarta-feira (Imagem: Fernanda Martinelli)

Por André Itocazo e Bruno Fontes

“Quando a comunidade é civicamente mobilizada, a participação e o interesse público são muito maiores”, afirmou Heloiza Matos, doutora em Opinião Pública e Redes Sociais, durante palestra ministrada na quarta-feira, 12 de maio, na 10ª Semana da Comunicação das FRB. A pesquisadora focou sua fala no processo de formação do capital social, assunto pouco abordado no Brasil.

Em seu livro Capital Social e Comunicação – Interface e Articulações (Summus Editorial), Heloísa define capital social "como um conjunto de redes de comunicação e cooperação que facilitam a constituição das ações coletivas". De acordo com ela, o capital social se forma, basicamente, através do relacionamento entre os indivíduos nos meios sociais, real ou virtual.

Ela demonstrou para os jovens que acompanhavam a palestra que, a partir do relacionamento com outras pessoas, é possível criar uma rede de conhecimento - ou network. É justamente essa rede que influencia o modo como cada um pode crescer nos meios sociais. Ela citou ainda o livro Jogando Boliche Sozinho, no qual o autor Robert Putnam relata o desinteresse dos norte-americanos por discussões e participações públicas, tais como organizações políticas, religiosas, sociais, profissionais, culturais e esportivas. Ele salienta que as pessoas se comunicam cada vez menos pessoalmente, dando preferência a contato superficial.

"Paz e amor" em Woodstock

De acordo com Heloiza, as mobilizações são um grande fator do capital social. Eventos como o Festival de Woodstock, em 1969, que tinha como lema "Paz e Amor", concentrou forças para a luta contra a Guerra do Vietnã. Citou ainda a histórica Passeata dos 100 mil, em 1968, que reuniu milhares de pessoas no centro do Rio de Janeiro, em um dos protestos mais significativos contra a ditadura. Embora nessa época ainda não existissem as redes sociais virtuais, isso não impediu o sucesso das mobilizações.

A especialista explicou ainda que o capital social pode contribuir de várias formas, seja na área política ou social. A solidariedade e o esforço conjunto são seus maiores benefícios. Como nem tudo são flores, Heloiza deixou claro que existe um lado obscuro no capital social: “Não é toda reunião de grupo tem um bom objetivo”. O crime organizado, máfias, skinheads e outros grupos foram citados como exemplos de uso do capital social de maneira negativa. Outro exemplo aparecec no filme A Onda, que narra a situação do sistema capitalista durante a crise econômica, na qual os jovens criam uma forte descrença no futuro, o que leva ao aumento do consumo de álcool e drogas, e também à criação de grupos extremistas.

Questionada sobre o controle das empresas sobre as redes sociais em que seus funcionários estão envolvidos, Heloiza foi clara: “O jovem que entra numa comunidade chamada ‘Eu odeio meu trabalho’ está dando um tiro no pé”. Ela acredita que as empresas estão de olho nas redes sociais e aconselha àqueles que querem um bom emprego: sejam seletivos ao escolher as comunidades virtuais das quais participam.

Sem as calças, mas de cuecas

Heloiza também questionou o Flash Mob (Multidão Instantânea), um exemplo moderno de mobilização social. São pessoas que combinam de se encontrar para algum objetivo, geralmente engraçado. Como exemplo ela citou um Flash Mob feito no metrô de São Paulo, intitulado "No Pants", em que homens e mulheres invadiram o lugar sem as calças, mas usando normalmente cuecas, calcinhas, sapatos e bluss. “Tudo bem que foi um movimento cultural, mas leva pra onde mesmo?”

A palestrante revelou aos alunos que a professora de Relações Públicas das FRB, Rosemary Jordão, foi o motivo pelo qual a pesquisadora começou a buscar mais informações sobre redes sociais. Heloiza foi orientadora da dissertação de mestrado de Rose sobre a Índia, intitulada "A comunicação como estratégia de ação social: o banco do povo". "Naquele momento não sabíamos que estávamos tratando de capital social”, ela lembrou.

Até 2002 Heloiza Matos foi docente e pesquisadora na ECA-USP, trabalhando também com Opinião Publica. Atualmente é docente do programa de mestrado da Faculdade Cásper Líbero.

Confira abaixo a dissertação de mestrado "A comunicação como estratégia de ação social: o banco do povo", da professora Rose Jordão:
A comunicação como estratégia de ação social: o banco do povo                                                              

2 comentários:

Barbara Acácia disse...

Meninos tenho que dizer q estão de parabéns ficou ótima matéria....
E sem duvida uma difícil tarefa diante da ilustre convidada q deu simplesmente uma aula...
Sem esquecer dos méritos do editor ....

Parabéns.

Jade disse...

Cara Barbara,

Agradecemos os comentários e ficamos satisfeitos com o reconhecimento do nosso trabalho.

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Jade Rainha
Equipe Feedback Blog
5ª Etapa Relações Públicas

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