terça-feira, 11 de maio de 2010

Renata Cafardo, jornalista do Fantástico, revela detalhes de matéria exclusiva sobre o vazamento do ENEM

Renata Cafardo falou sobre os desafios e a situação do jornalismo educacional (Imagem: Fernanda Martinelli)

Por Larissa Nalin e Melissa Borges

Um furo de reportagem é o sonho de qualquer jornalista. E para contar os detalhes de uma matéria exclusiva, a jornalista Renata Cafardo, hoje repórter especial do programa Fantástico, da TV Globo, participou, na noite desta terça-feira, 11 de maio, da 10ª Semana da Comunicação das Faculdades Integradas Rio Branco.

Além de falar sobre o processo de apuração e checagem da matéria que produziu sobre o vazamento da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), em 2009, quando ainda estava no jornal O Estado de S. Paulo , a repórter também falou sobre cobertura jornalística na área da educação em geral. (Clique aqui para ver a matéria)

O ENEM teve sua aplicação cancelada depois de receber do jornal a denúncia de que alguém tinha a posse da prova. Durante o contato, quem estava do outro lado da linha pedia R$ 500 mil para entregar a versão oficial da avaliação. Intrigada, Renata marcou um encontro com a pessoa para o mesmo dia.

Como o chefe de redação não permitiu que ela fosse ao local sozinha, dois fotógrafos e um jornalista acompanharam a repórter. Outra exigência do Estadão foi que fosse gravada a declaração de que o jornal não “compra informações”, já que não estava descartada a possibilidade de a ligação ser um trote.

Apuração e checagem

Renata saiu ao encontro da pessoa que a havia contatado. Chegando ao local combinado, conversou com dois rapazes, sendo que um deles era funcionário da gráfica responsável pela produção das provas do ENEM. Eles insistiram na venda do exemplar, mas Renata, em nome do Estadão, recusou a proposta. O que os rapazes não sabiam é que toda a conversa estava sendo gravada.

A jornalista relembrou: “Comecei a folhear a prova e dei uma olhada nas questões de matemática, mas não ia conseguir decorá-las. Passei para as de português, vi uma bandeira do Brasil, uma tira da Mafalda e uma questão que tratava do [poeta brasileiro] Drummond. Nesse momento, um dos negociantes disse: ‘Você já viu demais”. Foi quando Renata percebeu que todos os indícios apontavam para uma única direção: a prova era autêntica.

O processo de apuraração das informações obtidas no encontro foi determinado em reunião com o diretor-geral do Estadão, da qual também participaram todos os editores-chefes. A repórter ficou encarregada de entrar em contato com o ministro da Educação, Fernando Haddad, a quem informou sobre as questões vistas na suposta prova. O ministro contatou as únicas três pessoas que tinham acesso às questões, e logo se confirmou que elas realmente fazem parte da avaliação oficial.

Em seguida, Reynaldo Fernandes, presidente do INEP - instituto governamental responsável pela elaboração e aplicação do ENEM -, declarou ao jornal que havia 99% de chances de a prova ter sido vazada. De madrugada, quando a última edição do Estadão já estava sendo fechada, chegou à redação a notícia de que a prova do ENEM havia sido cancelada, o que confirmava a denúncia. Com isso, o exame foi adiado e, posteriormente, houve a mudança nas datas de quase todos os vestibulares do País. 

Sujeira no ProUni

Além dessa reportagem, que segundo Renata foi a mais importante da sua carreira, ela recentemente foi responsável pela matéria que denunciava a concessão do benefício do ProUni - bolsa de estudos oferecida pelo Governo Federal a universitários de pouca renda - a estudantes da Faculdade de Medicina Uningá, na cidade paranaense de Maringá.

O detalhe é que as bolsistas tinham condições - e muita - de pagar as mensalidades. A pauta, veiculada no Fantástico, repercutiu no país inteiro e fez com que fosse cancelado o benefício concedido arbitrariamente. (Clique aqui e veja a matéria)

“Foi uma matéria muito complicada de fazer”, afirmou a jornalista, ressaltando ainda a dificuldade em abordar os envolvidos de uma maneira que não fosse agressiva. Nessas situações, “o importante é perguntar. Não importa se você não tiver respostas, você tem que perguntar”, ensinou Renata, que trabalhou durante dez anos no Estadão e se especializou, ao longo do tempo, na área educacional.

No jornal, ela chegou ao cargo de chefe de reportagem do caderno “Vida”, sendo responsável pelas matérias sobre educação, saúde, meio ambiente, entre outras. Sem se distanciar da área de educação, manteve o blog “A boa (e a má) educação” por um ano e meio, no portal do próprio jornal. Após essa longa experiência com impresso, decidiu aceitar o desafio de migrar para a TV. Hoje Renatatrabalha na sucursal do Fantástico em São Paulo.

A jornalista, que já recebeu diversos prêmios, entre eles o de Melhor Reportagem concedido pelo próprio O Estado de S. Paulo, em 2009, exatamente pela matéria sobre o vazamento do ENEM, finalizou a palestra chamando a atenção para o fato de que a área da educação não era muito reconhecida pelos jornais, que deixavam sempre a política e a economia nas primeiras páginas. Hoje, segundo Renata, a história é outra: trata-se de m assunto em evidência, porque traz à tona reportagens polêmicas e de interesse geral.

Melhores Momentos - Joseval Peixoto

Na palestra da manhã, Joseval Peixoto, âncora da rádio Jovem Pan, falou aos alunos e professores presentes sobre a Liberdade de Imprensa no Brasil.

Acompanhe abaixo os melhores momentos:

“Para todos os males da liberdade, uma solução: mais liberdade”, destaca o radialista Joseval Peixoto

 O radialista Joseval Peixoto conversa com os alunos, enquanto a equipe da cobertura em tempo real atualiza o Twitter. (Imagem: Danilo Viana)

Por Daniel Santarosa e Donizete Henrique

“Os que se apropriam do poder não gostam de críticas, portanto, não gostam da imprensa”. Com essa frase, o radialista Joseval Peixoto marcou o segundo dia da 10ª Semana da Comunicação. A palestra sobre "Liberdade de Imprensa no Brasil", aconteceu nesta manhã de terça, 11 de maio, no auditório das FRB.

O jornalista, radialista, poeta e âncora do Jornal da Manhã da Rádio Jovem Pan (FM 100,9) é formado em Direito, mas falou sobre os desafios que enfrentou na juventude para seguir a profissão jornalística. "Não cursei faculdade, é verdade”,  admitiu Joseval, cuja primeira experiência como narrador foi bem cedo, como ele mesmo conta: “O primeiro lugar em que fiz  uma narração foi no alto faltante da rodoviária, com 15 anos, ganhando trezentos cruzeiros”.

Narrador do tri 

Em São Paulo, Joseval foi contratado por Edson Leite, lendário narrador esportivo de rádio nos anos 1950 e 1960, quando ainda trabalhava narrando jogos no interior do estado. Começou então a trabalhar na Rádio Bandeirantes, na locução comercial, informando o horário. Depois passou pela Tupi, Record e SBT, entre outros veículos. Segundo o palestrante, o que mais marcou sua carreira no radiojornalismo foi a "transmissão" dos 30 minutos finais da emocionante decisão da Copa do Mundo de 1970 entre Brasil e Itália, no México, que trouxe ao país o tricampeonato no futebol.

Depois de muitas histórias, Joseval retomou o tema da liberdade de imprensa e falou sobre o perigoso momento que este assunto enfrenta no Brasil e no mundo. “Os que se apropriam do poder não gostam de críticas, portanto, não gostam da imprensa”, acusou. Em seguida, passou a explicar seu ponto de vista: “No Brasil, curiosamente, nós temos uma constituição que dá ao jornalista a mais absoluta liberdade", afirmou, citando o Artigo 220 da Constuição Federal. No entanto, a Lei  nº 9.504, de 1997, veda às emissoras de rádio e televisão a transmissão de pesquisa ou consulta popular de natureza eleitoral. “Ou seja, o povo está proibido de falar no rádio ou televisão em ano eleitoral”.

Para fortalecer sua tese, Joseval falou sobre o trabalho que a mídia já exerceu, no passado, no cumprimento das transmissões e pesquisas eleitorais. “Quando Erundina, Paulo Maluf e João Leiva concorreram pela prefeitura de São Paulo, todos os institutos deram a vitória de Paulo Maluf". No entanto, já na Jovem Pan, às 17h e 21 minutos o radialista  foi para o ar Jovem Pan e anunciou: "Esta eleita a senhora Luiza Erundina, prefeita da capital”.

Obrigatoriedado do diploma 

A queda da obrigatoriedade do diploma para o exercício do Jornalismo também não passou em branco na fala do palestrante: “Minha neta entrou para a faculdade de Jornalismo e me questionou sobre o assunto", contou. "Expliquei para ela que o diploma acabou, mas a cultura não”. Aliás, uma fala que Joseval lembra desde a infância é: “O conhecimento do ser humano tem três graus. O primeiro é o conhecimento popular, que, embora primário, é usado por 95% da população mundial. O segundo é o científico, que é o conhecimento da causa das coisas. Por fim, há o filosófico, conhecimento da causa das causas”.

Após responder a perguntas de alunos e professores, sempre insistindo na máxima “para todos os males da liberdade, só há uma solução: mais liberdade!”, um momento marcante: o radialista se emocionou ao falar sobre a morte do jornalista Vladmir Herzog, assassinado durante o perído da ditadura no país. Na época, Joseval, já sabendo da morte do diretor do Departamento de Telejornalismo da TV Cultura, mas impedido de noticiá-la, só pode fazer dois minutos de silêncio.

Vida de repórter impede Caco Barcellos de chegar a tempo para terceira palestra da Semana

Por Felipe Alves e Josi Campos, com informações da Redação do Blog

Apesar de se esforçar, Caco Barcellos não conseguiu finalizar no horário previsto as gravações para o programa Profissão Repórter, da Rede Globo, que esteve realizando durante todo o dia de ontem em Santos, litoral sul de São Paulo. Pautado para uma série de reportagens sobre a vida dos jogadores da Seleção Brasileira, ele viajou às pressas na manhã de segunda-feira, 10 de maio, para fazer uma matéria com a família de Robinho - já que o nome do atacante era dado como certo na lista do técnico Dunga.

Até as 23h de ontem, Caco ainda não havia retornado à capital, mas através de um membro de sua equipe enviou um pedido de desculpas para os alunos e professores das FRB. Mesmo com toda essa correria, ele viajou nesta terça-feira, 11 de maio, para o Rio de Janeiro, a fim de acompanhar ao vivo a divulgação da lista dos jogadores convocados para a Copa do Mundo, que aconteceu às 13 horas.

Meses atrás, quando aceitou dar a palestra nas FRB, o idealizador do Profissão Repórter fez a ressalva de que sua agenda é complicada, já que pode ser alterada a qualquer instante por decisão da emissora. Caco - cujo filho estudou no Colégio Rio Branco até concluir o Ensino Médio, em 2009, disse que faz questão de vir às Faculdades ainda este ano.

Uma carreira de sucesso

Formado em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social (Famecos), da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Caco Barcelos, iniciou sua carreira durante a Ditadura Militar no jornal Folha da Manhã, de Porto Alegre. Foi um dos criadores da revista Versus, que apresentava grandes reportagens sobre a América Latina, e trabalhou também na Veja e na Isto É.

Na Rede Globo desde 1985, passou a atuar como correspondente internacional em Londres no ano de 2001. O jornalista trabalhou, ainda, nos principais programas jornalísticos da emissora, como Globo Repórter, Fantástico, Jornal Nacional e, atualmente, está no ar com Profissão Repórter, cuja ideia é mostrar diferentes ângulos da notícia – com a ajuda de jovens repórteres – e de envolver cada profissional da equipe em todas as etapas da produção: da reportagem à edição.

Reconhecidamente um dos melhores jornalistas investigativos do país, suas matérias já lhe renderam mais de 20 prêmios, entre eles, em 2008, o Troféu Especial de Imprensa ONU, premiação realizada pelo Centro de Informações das Nações Unidas para o Brasil (Unic-Rio). Nessa premiação, foram escolhidos os cinco jornalistas brasileiros que mais se destacaram na cobertura dos Direitos Humanos no Brasil.

Além de repórter consagrado, Caco Barcellos é também escritor. Autor de grandes obras do jornalismo investigativo, ele tem em seu currículo dois Prêmios Jabuti. Em 1993, ganhou na categoria Reportagem com o livro Rota 66, que conta a história dos policiais que faziam ronda com o carro de número 66 das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA) e mataram três jovens. Por meio dessa obra, foi denunciado um período de 22 anos de execuções desta unidade especial, o que levou à identificação de 4.200 vítimas.

Já o livro Abusado: O Dono do Morro Dona Marta ganhou, em 2004, o Prêmio Jabuti, na categoria obra Não Ficção, além do Prêmio Vladimir Herzog, em 2003, na categoria Livro-Reportagem. A obra relata o tráfico nos morros cariocas e fala desde como "nascem" os traficantes até o relacionamento deles com a comunidade.

1º Minuto Festcom 2010 - Começou morno, mas pode esquentar

Os 12 vídeos que estão concorrendo no 1º Minuto Festcom 2010 foram divulgados na madrugada da última segunda-feira, 10 de maio. Além das categorias Júri Popular e Júri Técnico, eles agora também estão disputando a posição de "Vídeo Mais Comentado". A votação desta categoria se dá através do blog: é só acessar e postar um comentário abaixo do vídeo escolhido.

Até o momento, "Por um fio" e "Estatística" foram os únicos vídeos que receberam comentários, com uma mensagem para cada. Vamos prestigiar o trabalho dos alunos da FRB, galera! Comentem os vídeos do 1º Minuto Festcom 2010. Para visualizá-los, clique aqui.