Por Anderson Dourado, Erika Apolinario e Osvaldo Ralha
Uma pessoa que gosta de correr riscos. Essa é uma das definições que se encaixam perfeitamente na personalidade de Klester Cavalcanti, jornalista e escritor que foi o convidado das Faculdades Integradas Rio Branco na noite de 4 de maio para comandar um bate-papo sobre “Jornalismo investigativo: como nasce um livro-reportagem”.
Os alunos de Comunicação Social lotaram o auditório e aproveitaram para tirar suas dúvidas sobre a carreira de Klester e os meandros do gênero investigativo. A palestra tratava também de questões como o processo de apuração, checagem e da relação com a fonte sob o ponto de vista da ética profissional.
O jornalista é autor de três livros: Direto da Selva - com fatos do período em que foi correspondente da revista VEJA na Amazônia -, o qual ele mesmo define como “um livro com um texto um pouco mais leve, como se estivesse conversando com um amigo em uma mesa de bar”. Escreveu também Viúvas da Terra, que trata da violência agrária no Brasil e lhe rendeu o Prêmio Jabuti de 2005, a maior premiação literária nacional. O terceiro livro, O Nome da Morte, é a biografia de Julio Santana, matador de aluguel com 492 mortes comprovadas. A obra só foi finalizada e publicada após sete anos de entrevistas mensais por telefone com a fonte, além de uma minuciosa apuração de cada fato relatado.
Esse longo tempo de produção do livro também se deve a uma convicção muito pessoal do jornalista: “Eu só publicaria o livro quando ele me autorizasse a divulgar os nomes reais de todo mundo e concordasse em encontrar comigo pessoalmente”. Aos poucos, Klester conquistou a confiança de Júlio Santana, que não só lhe autorizou a publicar os nomes verdadeiros de todos os personagens da história, como recebeu o jornalista em sua própria casa, no interior do Maranhão.
Rigoroso em termos de apuração, Klester afirma categoricamente: “Não levo a sério matérias que usam nomes falsos ou com vozes distorcidas, pois acho que é mentira”. E completa: “Jornalismo tem que ser comprovável. Eu acho que qualquer leitor de matéria séria, ou de um livro de reportagem sério, pode ter o direito de, ele próprio, apurar e checar se aquilo é real”.
Em 2000, quando trabalhava para revista VEJA em uma reportagem sobre denúncia de roubo de terras no Amazonas, foi sequestrado pelas pessoas que estava acusando e levado para selva. Abandonado no meio da mata após espancamento e ameaças, acabou conseguindo voltar para casa. Depois disso, VEJA o trouxe para São Paulo e publicou a matéria, que repercutiu em todo o país e resultou na CPI da Grilagem.
Perguntado sobre os limites da apuração jornalística, o convidado discordou da máxima do jornalismo, a qual afirma que não se deve mentir para a fonte. “Eu já fiz o contrário. Já menti para a fonte mais de uma vez, mais de duas, mais de dez vezes”. Como exemplo, citou o caso de uma reportagem para a revista Caminhos da Terra sobre briga de galos, em que, para conseguir denunciar o crime, foi preciso “inventar” uma história: disse aos envolvidos que se tratava de era uma reportagem para evidenciar a cultura local. Conseguiu não só o depoimento, como também fotos das pessoas que participavam das apostas.
Antes de atuar no Jornalismo, Klester se formou em Engenharia Mecânica e exerceu a profissão por três anos, quando descobriu que não era isso que queria para seu futuro. Sua carreira jornalística começou no segundo semestre da faculdade, com um estágio em uma assessoria de imprensa no Recife. A partir daí, jamais deixou de trabalhar, com passagens pelo jornal Diário de Pernambuco, pelas Revistas Caminhos da Terra, VEJA, Contigo, VIP e Isto É. Atualmente é editor de cultura e comportamento do Jornal da Tarde.
Klester também é reconhecido internacionalmente. Ganhou o prêmio de Melhor Reportagem Ambiental da América do Sul, promovido pela agência de notícias Reuters e pela IUCN, uma das maiores ONGs de meio ambiente do mundo. Além disso, foi vencedor do Natali Prize, o prêmio mais importante de Jornalismo e Direitos Humanos, conferido pela União Europeia e pela Federação Internacional de Jornalistas. Esse reconhecimento ao redor do mundo tende a aumentar, já que dois de seus livros, Viúvas da Terra e O nome da Morte, serão adaptados para o cinema.
“Eu não tenho limite, porque sou atraído pelo risco e quero sempre superá-lo”, afirmou o jornalista, que tem outros grandes projetos de livros em andamento. Como mensagem final, Klester recomendou aos alunos que procurem se destacar já na época da faculdade: “Esse é o momento de lutar por essa ela profissão que vale tanto a pena!”.
Veja abaixo os melhores momentos da palestra:
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domingo, 9 de maio de 2010
Quem sou eu
- Redação FRB
- São Paulo, SP, Brazil
- Os alunos da 5ª etapa de Jornalismo e Relações Públicas serão responsáveis por relatar e registrar os principais momentos da 10ª Semana da Comunicacação das Faculdades Integradas Rio Branco e de outros eventos que acontecerem na instituição.
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2 comentários:
Palestra incrivel digna de uma materia incrivel... voces conseguiram
Parabens!
Cara Barbara,
Nós da Quinta Comunica agradecemos seu comentário.
Continue acessando nosso blog.
Até mais.
Mayara Andrade
Equipe feedbeck blog
5ºetapa de Relações Públicas
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